Compositor: Seu Ribeiro
Vou inaugurar
Meu canturi de primeiro
Feito a ave cantadeira
Mais terrível do sertão
Que quando faz arrelia
A passarada silencia
Pois não tem ave Maria
Quem lhe faça frente não
E esta febre perdedeira
Já me cumpre obrigação.
Sou o cantador de verso
Mais funesto das estrada
Até mesmo com o tinhoso
Labutei nua encruzilhada
Só a carranca do bicho
Deixou minha língua travada
Apelei pra Jesus Cristo
O cão bateu em retirada
E até hoje anda vagando
Tal qual fosse alma penada.
É que derna a meninice
Que eu vivo de vadiar
Sapateando nesta cordas
Dia e noite sem parar
E enquanto houver freguesia
Na aba do meu chapéu
Vou temperar minha viola
Pra cumprir o meu papel
Até ser chegada a hora
Deste velho tabaréu.
Prepare o seu coração pra escutar
Que eu temperei meu gogó pra cantar.
E pra acabar de vez
Com essa conversa afiada
Vou mostrar como se deixa
Uma nação apaixonada
Dou um sopapo na viola
Que ela grita, berra e chora
Santo Deus, Nossa Senhora
Nas horas do violeiro
Melhor que minha cantoria
Só as palma de um brasileiro.
Alias um cantador da minha linha
Num carece ostentar valentia não
Pois até difunto arrepia
Quando pia meu violão.